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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Missão

Confiaram a mim, soldado de verdades irrefutáveis,
indeléveis pontos de vista, e fidelidade canina,
a árdua tarefa de lhe acordar.
Bem sei de ti, adormecida, ao longo dos anos
alheia a todos os acontecimentos,
Mas hei de içar-lhe desse marasmo
usando as armas de que disponho:
meus berros, mãos-de-ferro, e sonhos.

Dedicar-me-ei à luta, feroz e inclemente,
Incansável e até, por vezes, um tanto quanto insolente,
Filho da puta.

Nos intervalos das batalhas
Há de ser me concedido um indulto
Para poder acender um cigarro,
ainda que de palha,
e me perder em pensamento observando as expirais
Até que elas se dissipem ao vento
Assim como as tuas dúvidas
quando enfim eu atingir meus ideais.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Inocência

Perdão!
Pelos palavrões, e xingamentos
que não sussurrei aos teus ouvidos
Por não ter empregado violência
pela falta de ardência,
e de imaginação.

Perdão!
Pela delicadeza dos gestos,
pela ausência de força
pela suavidade, e nada de vadiagem
Quando tudo que você queria
era que eu fosse um pouco mais selvagem

Perdão!
Pela falta de atitude
Por não ter sido rude
E por não ter percebido tudo isso antes.
Porque se assim fosse
talvez continuássemos amantes

domingo, 8 de maio de 2011

Aquele que posso ser

Os homens que se escondem atrás de mim
na escuridão,
no breu de minha inconsciência,
são diversos.
E eu sou um só, homem
nada controverso.
Ou não
tudo é tão relativo neste universo.
Seria possível ser eu o incorrigível
o intolerável, o abominável,
o depravado, o indecente
ou qualquer desses outros?
Não!
Tenho certeza.
Eu sou apenas aquele que se adequou às regras

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Peso morto

Como a um fardo
Hás de me carregar vida a fora.
Um castigo
pelo descuido que permitiu
nossos caminhos se cruzarem.
Ou julgas, porventura,
Que nosso encontro foi obra do acaso?
Não importa.
Hás de me carregar como cruz
A pesar sobre tuas costas
Sem trégua, todo tormento,
nenhum alento.
E na hora derradeira
Quando enfim seu corpo roto
Tombar inerte e frio
Vai lastimar profundamente ter vivido
A vida inteira a me levar aonde fosse
Sem, entretanto, nunca ter me possuído

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Fixação

Passa o tempo
Sopra o vento
Cai a folha.
Desgasta-se, e envelhece o invento
Mas não meu pensamento.
Até tento tirar você da memória
Viver uma nova história
Mas sempre volto ao mesmo ponto.

Passam as horas
Senhoras de si, e ignoram
A minha busca insana.
Sem nenhuma piedade
Demarcam as linhas de meu rosto
Desdenham de mim
E se repetem, impunes
Nunca envelhecem, enquanto tecem
meu fim.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Fecundo

Era pra ser só um raio
Anúncio de chuva passageira.
Mas o meu corpo,
esse estranho universo,
Rio raso,
poço fundo,
mar aberto, pediu mais
Então veio a fúria das águas
saciou a sede da terra
e fecundou todos os mananciais