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terça-feira, 17 de agosto de 2010

A espera

E de você que direi?
Direi do mar verde azulado que teus olhos represam
e dos barcos a vela que neles flutuam,
do frescor de teu hálito, do calor de teus braços,
e da luz que irradias.
Direi de tua nobreza,
da intrínseca beleza que guarda além desse semblante sisudo
e direi de teus atos que me deixavam mudo.
Ah... direi tantas coisas
Mas guardarei comigo teus segredos
teus grilos, teus medos
para devolvê-los quando você voltar

Universo escuro

Qualquer verso
qualquer poesia que eu escreva neste instante
terá gosto amargo e odor fétido
refletirá minh’alma em decomposição
Recolho-me, então
para preservar a literatura
dessa avassaladora amargura
que me inunda as veias de agonia e pranto.
Despeço-me das letras com um triste canto
e integralmente mergulho na escuridão
do universo de minha loucura.

A cada um cabe o metiê que merece

Eu queria mesmo era viver uma vida de artista
Ser Sá, ser Guarabyra
Cantar lindamente a beleza da flor de macambira
Em ritmo de rock, folk, soul, ou caipira.
Ser levado pelo vento
Como asa de pensamento
Ir parar em Correntina, e lá
compor na beira rio, lindos versos
Inspirados na beleza das meninas.
Depois rumar sem pressa para Bom Jesus
Entrar no vapor, e para o norte de minas ir embora
Viola embaixo do braço
Ser caipira em Pirapora.
Mas Deus quis me ver funcionário público
Nada mais lúdico
Todo dia, às oito, na repartição
Relógio de ponto, chefe, condução
Ah!
Quem me dera um balanço de vapor
Uma carta de fã, ser Milton ser Djavan
E ter uma nova canção para compor
Ser pop, ser Alvin L. e ter pra te dar
Apenas solidão com vista pro mar.
Oxalá uma happy hour ao som de Baden Power
Com meia dúzia de amigos em volta da mesa
Bebendo cerveja e falando de acordes, instrumentos, som
num bar do baixo Leblon.
Mas a mim foi destinado ser funcionário público
Afinal, alguém tem que realizar a função
Todo dia; ofícios, memorandos, reuniões
Protocolos, processos, decisões.
No ápice do querer, eu queria
ser Caetano Veloso e sair por aí
caminhando contra o vento,
sem lenço sem documento
Cair na boca do povo, e depois
Ir me livrar dos Grilos em Trancoso.
Imagina você se eu fosse Chico Buarque
Toquinho, Gil, cantar domingo no parque!?
Mas Deus quis me ver funcionário público
Ora! Nada mais lúdico
Todo dia, às oito, na repartição
Relógio de ponto, chefe, condução