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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Meu tempo

Eu não gosto do tempo dividido
Fatiado.
Em pedaços.
O meu segundo
É o tempo que tenho pra ficar no mundo.
Não me determinem tempo
para o realizar, para o fazer.
Tenho todo tempo para dispor como quiser
entre o nascer e o morrer
Portanto, não me digam de meu tempo
Se curto ou longo,
meu tempo é inteiro
O meu tempo é um só
indivisível

Eu sem você

De que me adianta agora ter às mãos todas as estrelas
Se não tenho mais você para recebê-las?
Todo esse azul, esse sol, os matizes florais
Os aromas matinais
Esse coral de passarinhos, para quê?
Se não tenho mais você.
Nada faz sentido se não estás
Tudo é deserto, vazio
O que me sobra é o cio, só
Esse fogo incontrolável que se alastra
Por toda minha pele, à minha revelia
E que me deixa assim, sem reação.
Se não tenho mais você para recebê-las
De que me adianta agora ter às mãos todas as estrelas?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vilarejo

A amplitude de seus braços
abarca meu corpo
mas não aplaca meu cansaço.
Assim como teus beijos
embora cálidos
não saciam meus desejos.
Então padece meu corpo, imerso
quase morto, nesse vilarejo
que é seu universo

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Contrários

Havia por trás da beleza do azul de teus olhos uma angústia, à custa contida. Era qualquer coisa de nostalgia. Uma ponta de tristeza. Uma frustração. Não sei distinguir ao certo.
Quando essa angústia se manifestava, eu nunca sabia como lhe dar com ela. Então, em sinal de respeito, me aquietava num canto e de lá, estranhamente, de forma meio egoísta, achava bonita aquela tristeza, aquele teu olhar cansado de carregar o peso da lágrima que você insistia em não deixar cair.
Então teus olhos eram lagos, rios caudalosos, mares imensos, e eu sentado às margens admirando as paisagens.
Depois, quando a tristeza se ia, eu lastimava o sol que nascia no centro de teus olhos e me tornava toda aridez.
Corpo e alma

De ofício, faz versos
e alimenta a alma.
Já o corpo; padece
em aparente calma

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Penumbra

E o coração, desconfiado, preferiu abrir mão da possibilidade,
ante a iminente tempestade
que ameaçava desaguar de uma nuvem negra
que se assomou no céu,  antes de azul intenso.
O sol se escondeu
as estrelas se apagaram
e nunca mais se fez o luar
Agora, apenas a penumbra é permanente

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Imperfeições

O que me trouxe até você
Foi essa mania que eu tenho
De acreditar que o mundo tem conserto
Que tudo pode ser reinventado, melhorado.
Mas a verdade é que por mais que se conserte
Tem sempre alguma coisa fora de lugar
Não conseguimos moldá-las ao nosso jeito
Então nos acostumamos às situações
inventamos diversas formas de compensações
buscamos algo que possa nos ajudar
a lidar de forma mais leve com as frustrações
Fugimos para mundos próprios, só nossos
Construímos subterfúgios, fortalezas
Ambientes propícios aos vícios do eufemismo
E acabamos, quase sempre, sem saber quem somos.