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quinta-feira, 7 de abril de 2011


Instabilidade

Sua presença já não provoca em mim o alvoroço de antes. Já não tenho aquelas tremedeiras nas pernas, o baticum no coração, nenhum sinal de suor nas mãos. Nada. Consegui, enfim, tomar as rédeas e controlar as reações que me assomavam toda vez que ouvia tua voz, ou mirava teus olhos. É verdade. E quer saber mais? Às vezes rio, quando me pego a pensar o que tanto me impressionava em você. Penso que era algo físico, porque fui recobrando minhas faculdades à medida que ia te conhecendo.
Bom, mas o importante é que  recuperei minha razão, e controlo o turbilhão de emoções que me desencadeava toda vez que te via ou pensava em você, e me impedia de reparar teus defeitos. E você os tem. E como tem. E assim, posso avaliar melhor tudo isso.

Talvez tenha sido fantasia todo aquele sentimento. Quem sabe foi uma empolgação juvenil causada pela intensidade da beleza do azul de teus olhos que mais parecem o céu de tardes de verão?! Não sei. Minha certeza hoje se resume em saber que o fascínio que sua figura me impunha, embora ainda exista, não é mais algo sem cabresto, que ao menor sinal desembestava, sem controle.
 Controlados os impulsos para os quais as emoções me empurravam, consigo enxergar sua figura como um ser humano normal. A diferenciar dos outros, apenas esse jeito de me olhar que, por vezes, ainda me faz sentir presa acuada, prestes a cair em uma armadilha, ou cair nas tuas garras de caçador, e me submeter às tuas vontades, aos teus caprichos, nos limites territoriais de teus domínios.
Confesso que ainda me atrai esses seus olhares de cobiça. Essa certeza que você deixa transparecer de que eu sou o rio, e você o mar imenso, meu destino, onde chegarei, por mais que eu dê voltas, prolongue o caminho contornando montanhas, despencando em cachoeiras, formando lagos, lagoas, me dividindo em braços, riachos, igarapés...
Você é assim; como o mar, nada parece abalar sua certeza. E enquanto eu luto para conter as reações, você vai se fartando com as águas de outros rios.

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